quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O novo, o velho, e o tempo


Quando se cansa o novo,
E acorda o velho, e de novo
Este se põe, contente a dançar
Há um momento de questionar
Ainda que, movido pela curiosidade
Onde está o tempo, de verdade?

No cansaço tão cedo, deste
Ou na falta de medo, daquele?
É no olhar do preocupado?
Ou na alegria do conformado?
Onde está o tempo, onde mora?
Vive no correr do ponteiro
Ou no singelo poleiro das horas?
No seu ponto de descanso
Onde o velho tem seu remanso
E o novo teme chegar...

Onde se esconde essa entidade
Tão cruel e tão tirana,
Mas que se tira sua fina membrana
E se deixa ver o seu próprio reverso
Sabe-se que não é em ano ou semana
Nem em dias nem prazos,
Que se suporta da vida,
Seus incontáveis atrasos,
As suas juras desfeitas
Os momentos que se foram
E todas as frases feitas,
Não é.

É num momento como esse,
Em que se apercebe da escolha
De viver livre com o tempo,
Ou de prender-se na bolha,
Não vá.

Não escolha errado, ou se escolher
Entenda o seu erro, procure saber.
Que é pra amanhã ou depois,
Quando estiver velho a morrer
Saber que entre nós dois
Houve um acordo a fazer:
Ou correr contra o tempo,
E dele perder...
Ou fazer as pazes com o tempo...
E ter o tempo, até pra perder.
Odemilson Louzada Junior
Publicado no Recanto das Letras em 03/06/2009

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Esse tema ainda vai render...

Outra que escrevi pro Recanto, no tópico Poesia On Line. Fala-se sobre destino, mas como desconfiei que ainda iria voltar ao assunto, preferi numerar.


Sobre o Destino I

O destino pra uns é escrito, imutável
Já para outros é estrito, indevassável
Há quem diga que não é passível de mudança
E há quem o trate tal jovial parceiro de dança

O destino para muitos é cruel
Qual espada na carne, ou pena no papel
Para outros é um passo para a glória
Que os tornará parte dos livros de história

O destino para alguns é companheiro
Suave caminhada a um destino alvissareiro
Para quem viveu cansado, é um final em paz
Ou oportunidade de deixar mágoas para trás

O destino para mim, é um mistério
Verdadeiro ponto de interrogação, etéreo
É um caminho do qual não tenho mapa
Um processo, um aprendizado a cada etapa.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Trovador, eu??

Através de um comentário de uma pessoa que me leu no Recanto, e que fui retribuir a visita, acabei descobrindo a trova. Pesquisei como funcionava, e acabei vendo que era simples. Simples, eu disse... Agora, fácil não é nem um pouco!

Sintetizar de forma fechada em 4 versos uma idéia não é algo tão piece of cake quanto um mais incauto pudesse pensar.

Seguem 2 que fiz até então:

Trova da Mulher Iludida

Cuidado com as promessas
Desses ladinos ladrões
Que na vida só se interessam
Em colecionar corações

Odemilson Louzada Junior
Publicado no Recanto das Letras

Trova da Corda Invisível

Eu só queria curar isso tudo
Que sinto nesse momento
Abafar esse grito mudo
Que ecoa em meu pensamento.

Odemilson Louzada Junior
Publicado no Recanto das Letras

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Pra Começar Com Poesia

Não sei se dá pra se levar muito a sério um ano que começa no dia 4. Mas em todo caso, seguem minhas impressões de ano novo que já postei lá no Recanto das Letras.

Acenda a Luz

Não creio no ciclo que se encerra
Nem no que se inicia, já que a terra
É feita de eternidade, de extremidades
De caos, de barulho, de compromissos
E de tudo mais que há entre isso:

Entre a minha visão;
Entre o ruído do portão;
E a rua, mais além.
E a cidade adiante,
E entre eu e alguém,
que outrora distante
Hoje está tão perto.
E embora não por certo,
O meu coração se acalma
E assim sigo vivendo
Com um calor na alma,
Enquanto o ano vai morrendo
E o amor renascendo...

Creio sim, que o hoje é sempre hoje,
Que a felicidade é construção,
É obra pra várias mãos,
E ainda assim, é trabalho possível
É real e factível, é normal
É possibilidade construída
É vivida, é dia a dia.
É a lida, é a rotina
Que tornamos boa e saudável
Se queremos, fazemos até rentável
E deveras agradável.

Então, que antes de apagar o velho ano,
Lembremos que amanhã será
Para nós, seres humanos
Um outro hoje, assim como hoje é
Que sigamos tendo esperança e fé
Em que esteja a luz acesa ou apagada
É no hoje, e somos nós
Que escolhemos a nossa estrada.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Pensamento positivo é Coisa Linda de Deus

• Chegar em casa de viagem e encontrar a casa toda bagunçada, fechada, abafada, parecendo que passou um ciclone é ruim. Mas ver que não aconteceu nenhum acidente hídrico por conta da chuva que assolou a cidade enquanto se estava fora, é bom.

• Chegar em casa e descobrir que tinha um resto de carne moída na lata do lixo que depois de 1 semana virou um ser de outro planeta que se mexe por conta própria é ruim. Lembrar que podia ser pior, que antes de viajar eu tinha quase esquecido de tirar esse resto de carne da GELADEIRA, e que a própria poderia estar servindo de centro de reprodução, ao invés da lata de lixo, é bom.

• Ter que enfiar a lixeira inteira, com todos os maggots rastejantes dentro de um saco e ir jogar lá embaixo no lixo quase às duas da madrugada é ruim. Mas chegar lá embaixo e ver que tem uma caçamba lá, prontinha pra receber o embrulho-problema, mesmo depois da hora do caminhão do lixo passar, é bom.