segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Existem bons e maus avanços.

Em uma conversa recente, eu fui lembrado mais uma vez de o quão "inegável" é o avanço que o PT trouxe nos 8 anos de governo.

Imediatamente me lembrei da época em que fazia faculdade no RJ, morando em Petrópolis ainda. Passava por Duque de Caxias todos os dias no trajeto. Inícios dos 90's assume o governo da cidade o candidato José Camilo Zito. Pra não dizerem que estou sendo antipetista, o Zito diga-se de passagem, é do PSDB. Mas vamos aos fatos.

Quando Zito assumiu Caxias, a cidade era mais uma administrada no estilo "Velha política da Baixada Fluminense". Passava de mão em mão de políticos fisiológicos, espertalhões, do tipo que pega 100% do orçamento da cidade, aplica 10%, enfia 90% no bolso e sai assobiando. Daí que o citado novo prefeito tomou a esperta decisão de, ao menos em seu primeiro mandato, em vez de roubar 90% e aplicar 10%, ser discreto, e transformar essa discrição em diferencial de marketing político. Se roubasse só, digamos 40% e aplicasse 60%, que tal? Mesmo que se continuasse locupletando às custas da cidade, o investimento na melhoria do município seria inédito, algo que nenhum governo anterior teria feito (nunca antes na história dessa cidade... lembra algo, não?)

Assim, em pouco tempo, e a olhos vistos, a cidade se transformou. Comunidades que pleiteavam saneamento ganharam instalações de esgoto, ruas de terra foram asfaltadas numa quantidade inédita e até mesmo o crime na cidade sofreu um duro golpe, visto que o novo prefeito era notoriamente ligado a grupos de extermínio, que receberam um certo apoio para colocar a bandidalha pra correr, ou em última análise, pra morrer mesmo.

Aí, quando foram fazer uma pesquisa de popularidade do novo governante, não precisou-se nem de fraude eleitoral nem manipulação de dados... era óbvio que os 96% de aprovação que Zito teve em seu primeiro governo eram verdadeiros, refletiam mesmo o que a população pensava dele. Lembra um outro alguém por aí, não?

Para quem não tinha esgoto, calçamento e segurança é muito fácil alçar um cara à condição de santo. De salvador. De messias.

Mas vejamos... Em pouco tempo, após feita a fama, nosso personagem dessa história acabou por deitar na cama, como é de se esperar de qualquer político nesse país. Primeiro foi não aplicando mais tanto na cidade, fazendo com que o nível de roubo/aplicação de verba de sua gestão voltasse a ser mais semelhante ao de seus antecessores. Já que estava escudado por tanta aprovação popular, nosso amigo sentia-se seguro para não precisar fazer seu dever de casa com tanto afinco.

Outro fato comum no político brasileiro, foi que assim que estava com a vida arrumada, Zito procurou ajeitar a de sua família também. Tratou de alçar esposa e filhos a candidaturas para prefeituras de outras cidades da região, tentando convencer o povo de que se ele fez o que fez por Caxias, seus familiares iriam fazer o mesmo pelas cidades vizinhas. Todos sabemos que esse tipo de estratégia pode até dar certo pra família, mas pro povo, dificilmente dá.

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Aí eu pergunto. De que adianta ficar louvando os "avanços" que Lulla promoveu, se o que mais avançou nesse país não foi nem a luta contra a fome, nem as conquistas sociais, mas sim a conta bancária do filho d'O Cara? Que avanço é esse que é feito na base de 50% pro país, 50% pro partido? Que avanço é esse que é resulta na compra de uma popularidade pessoal que permite milhares de falcatruas a mais num país que já tem tantas? Pra mim, é como comemorar um 5 na escola. É como dizer... "dessa vez o Barrichello completou a prova, chegou em 6º, vamos comemorar!"

Não comemoro, porque o que o Cara fez, é o que todo políticozinho brasileiro faz, seja de qual partido for. Só foi um pouco mais esperto pra fazer a fama... Agora vai entrar pra história deitado na cama, quem viver verá.