quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Muito ajuda quem não atrapalha


Meninos eu vi. Estive na Cinelândia no 20 de setembro. Fui testemunhar como seria a manifestação contra a corrupção. Vi o filme, li o livro, como dizem por aí. Entre 2.500 e 4.000 pessoas reunidas. Uma série de interrogações para quem não foi, um certo prazer, ainda que singelo, discreto até, para quem esteve lá. Foi uma manifestação tranquila, não necessariamente pelo número ainda pequeno de participantes. A tranquilidade talvez viesse de um sentimento reconfortante de saber-se presente em um lugar onde todos concordavam com uma ideia simples. Talvez fosse o sentimento de perceber que afinal, nem todo mundo se encontra tão apático quanto à questão fundo de poço institucional que se instalou na política desse Brasil pós-mensalão petista. De pelo menos ali, no meio daquelas 2.500 a 4.000 pessoas, poder-se olhar para o lado e pensar que alguém que poderia ter ido pra casa resolveu ficar, dar um pouco de seu tempo, participar.

Percebo que muitos colunistas, blogueiros, comentaristas, jornalistas e afins tem criticado de forma rabugenta, desprovida de um mínimo de simpatia ou até contundente esse tipo de movimento. Vê-se em alguns um reflexo de extrema descrença, pessimismo, pragmatismo em níveis pouco saudáveis. Em outros, uma necessidade premente de ligar toda e qualquer manifestação àquela esquerda mais pateta e radical que ainda subsiste por aqui, denotando mais rabugentice ideológica do que interesse em que alguma coisa melhore. Em outros ainda, um certo ar de superioridade, semelhante ao daquele empresário da gravadora Decca que disse que aquele tal de rock que os cabeludos tocavam não tinha futuro. Algo como "eu sou foda, eu sei do que estou falando, e essa merda aí não vai pra frente". Então tá. Todos tem o direito de expressar-se nesse sentido, e quem sou eu para criticar esse direito. Mas penso da seguinte maneira. Tantos comentaristas falaram da validade do uso das redes sociais recentemente nos agitos do Oriente Médio, agora aqui no Brasil dizem que é besteira? Tantos desses articulistas criticam a mania "manifestacionista" dos PSOLs e PSTUs da vida. Entretanto quando é um movimento nascido apartidário, conduzido por cidadãos comuns, que apenas tinha como objetivo passar uma mensagem de insatisfação, acontece eles procuram imediatamente ligar uma coisa à outra? Será que mesmo que os PSOLs e PSTUs eventualmente peguem carona, por puro oportunismo, em alguma dessas manifestações, o fato de serem apartidárias e direcionadas já não seria uma boa coisa. E para ser espírito de porco nesse caso: deveriam ficar menos preocupados, porque cá pra mim, PSOLs e PSTUs são péssimos até pra fazer manifestações efetivas. São café com leite, deles a natureza cuida. Acho que falta um pouco de boa vontade aos nossos articulistas, colunistas, blogueiros e jornalistas de plantão. Talvez pensar que toda manifestação que faça um cara como eu tirar a bunda da cadeira e ir até lá, pode fazer com que outros cidadãos façam o mesmo. Foco, objetivo, direção, tudo isso pode vir depois. Sem a vontade de que a coisa dê certo, nada sai do papel. Nem uma coluna de periódico, nem uma mudança de paradigma nacional.

A coisa é seminal. Poucos perceberam o germe plantado. Muitos criticaram a inocência, a basalidade do movimento. É engraçado ler, ouvir, assistir pessoas fazendo comentários nessa direção, mas aparentemente sem levar em conta que até pouco tempo atrás, o grau de apatia era tão maior, que fazia um movimento assim impensável. Que esse tipo de movimento tem um crédito de conseguir ir aos poucos, sensibilizar a participação de pessoas que até então provavelmente não tomariam parte em tais iniciativas. É certo quando alguém diz que para combater políticos ruins, os bons precisam aprender a fazer política. Mas falando de Brasil atual, antes de fazer-se política, ainda tem-se que pensar política. O começo pode ser aí. Não importa se é na rede social. Se serve para aumentar o interesse político de um cara como eu, que antes das redes sociais estava muito mais próximo do "analfabeto político" de Brecht do que estou hoje, já vale. Por menor que seja, um passo pra longe da escuridão é um passo pra mais perto da luz. E se mais pessoas deixarem a rabugentice e a vaidade de lado e usarem suas cabeças para contribuir, seja com atos ou seja apenas com opiniões, ideias e insights, os movimentos contra a corrupção que irão surgindo e se agregando (como quem esteve ontem lá ficou sabendo que já está ocorrendo) só tem a ganhar com isso. Dar palpite no futebol é fácil, amigo. Quero ver dar palpite pra melhorar teu país. Agora, pelo menos você já tem onde fazer isso.

E pra terminar a conversa, descobri que ainda faz um bem danado cantar o Hino Nacional no Fim. Deixa o coração um pouquinho mais leve.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Chocolate


Ah, esse tal chocolate... um mulato mestiço de mexicano, baiano e suíço, o único dentre nós que verdadeiramente entende as mulheres.