quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Cachorro Molhado

© Eirik Solheim
Certa vez vi um cachorrinho
Correndo da tempestade
Corria entre as pessoas sozinho
Queria abrigo na verdade

Um vira-lata perfeito,
O pelo um pouco sujo, vá lá
Nada que um banho não dê jeito
Saudável, olhar aceso, a brilhar.

A chuva ameaçava cair
E o canino, pra lá e pra cá
Sem saber bem pr’onde ir
Querendo num canto ficar

Achou um caixote de papelão
Encostado numa calçada
Passou no meio da multidão
Sob o som das trovoadas
Mas o abrigo não deu não...
O vento levou, de revoada.

Correu, os primeiros pingos caindo
Um terreno abandonado, um poste
Perto de uma rua que ia subindo
No meio de umas coisas, caixote.

Tentou se ajeitar, era de madeira
Esse, o vento não ia levar
Mas furado, de qualquer maneira
Deixava a chuva passar.
Saiu de novo, não achava lugar

Ficou na rua, ali, desconsolado
Com aquela cara mais que peculiar
Típica de cachorro molhado.
Naquele aguaceiro a despencar
E assim, muito de mau jeito
Num banho bem do improvisado,
Mais limpinho, aquela cara de pena,
Foi por alguém resgatado.

Pois que passava uma moça, e o viu
Com aquela cara de “me tira daqui”
Pegou nosso amigo no colo e partiu
E hoje, ele passeia no sol por aí.