segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Um dia de segunda?

Como seria a segunda pra eles?
 A minha segunda-feira normalmente, é um dia bastante comum. Muita gente reclama, discrimina e massacra o pobre dia. Ancorados no tenebroso simbolismo da segunda-feira, surram essas 24 horas seguintes ao domingo sem a menor pena. Mas creio que levantar da cama já é ruim quando não se quer ir a lugar algum. Já tive momentos de saborear a liberdade de não querer (e não ir) a lugar algum numa segunda-feira. Mas já o fiz em uma quinta também. E foi bom. Na sexta eu ainda não tentei, talvez o faça um dia.

Mas a segunda, pobre dia. Tenho certa pena dele, ou dela. Dias da semana já tem uma vida bastante complicada. Têm nomes femininos, mas são masculinos. Tirando a sexta, que trabalha pouco, enrola muito, é festeira e sem limites, os outros cada qual tem lá seus pequenos dramas. Até o sábado, que sofre uma crise de identidade danada, por não saber se trabalha, estuda, descansa, lava o carro, faz compras ou vai à praia ou pra noitada. Muitas vezes tenta fazer tudo ao mesmo tempo, e passa o domingo desacordado. Mas de todos os dias, a segunda sofre mais. No seu trânsito murrinhento, a gente fica pensando onde ficam todos os automóveis que engarrafam a ida, mas não engarrafam a volta. Se faz sol, maldizemos seu nome preferindo milhões de vezes estar numa praia. Se chove, amaldiçoamos sua existência por nos receber tão mal em uma nova semana.

A única redenção da segunda é quando ela, por obra de um acaso calendárico, vem como feriado. É um caso sublime para a maioria, pois ela se torna um segundo domingo. Anulam-se seus defeitos e ao mesmo tempo, diferente de quando é ela a começar a semana, o dia seguinte não recebe seu mau agouro. Uma terça pós feriado na segunda jamais será uma segunda-feira. Todos vão à vida sabendo que é um dia a menos. Um dia ameno até!

Enquanto penso nisso tudo, vou tentando conviver bem com a pobre da segunda. Os dias passam, eu me canso e descanso, mas às vezes me dou conta das simbologias meio idiotas da nossa sociedade. E percebo o quanto é boa a sensação de que não preciso pensar igual. A noção de que não existem tantas diferenças entre os dias. Considerar que mais dignas de reclamação são as pequenezas das nossas cabeças limitadas, manipuladas e padronizadas. De quantas divisões burocráticas dessas mesmas 24 horas que perdemos reclamando dos dias que passam. Já fiz muita coisa boa numa segunda-feira, e numa terça, e numa quarta, em todos os dias, pra esquecer de que os dias vão correndo, mas que às vezes quem fica mesmo pra trás é a nossa mentalidade. Eu faço aniversário, curiosamente, junto com o Garfield, até gosto de lasanha (mas posso viver sem), só não acordo cedo porque durmo tarde, e não vejo porque odiar a segunda-feira.