sexta-feira, 14 de junho de 2013

Depredando e quebrando e seguindo a canção

Pixação em placa de ônibus - Av. Presidente Vargas, 14/06/2013
Eu mesmo tirei a foto.
Protestos foram organizados no Rio de Janeiro e em São Paulo nessa última semana, sob o mote de reclamar-se do recente aumento das passagens. Perfeito, protestar é um direito, é uma característica marcante de uma sociedade democrática, livre e onde há liberdade de expressão e opinião. Mas quando se olha uma situação como a desses últimos protestos de forma um pouco mais detalhada, analisa-se seus ângulos menos aparentes e principalmente, procura-se o que está por trás das aparências, algumas verdades inconvenientes acabam aparecendo. Mas ainda assim estão em seu direito de protestar.
Passeatas compostas por uma juventude cheguevarista filhos de funcionários públicos de carreira, cooptados por partidos de uma esquerda arcaicamente extremista. Passeatas coordenadas por sindicatos, partidos e organizações que ainda acreditam que a solução para os problemas do mundo é implantar a utopia da esquerda leninista, ou maoísta, ou talvez até polpotista. Mas ainda assim estão no direito democrático de ir à rua expor suas opiniões.
Eis que no ânimo exaltado da fúria revolucionária, da afliceta vermelha, um ou outro jovem faz uma pixaçãozinha aqui, quebra uma vidraça ali, destrói um ônibus acolá. Logo, nas redes sociais, pululam outros jovens (e alguns não tão jovens) apoiando, dizendo que “é isso mesmo”, “temos o direito de protestar”. Outros mais exaltados dizem que “tem que quebrar essa porra toda mesmo”, num arroubo de agressividade digna de um Capitão Nascimento (vejam só) em Tropa de Elite. Mas ora, esse não é o cara da esquerda, da paz e do amor?
E aí você observa a discussão, e aparece aquele velho discurso repetido, vomitado, regurgitado, digerido e vomitado de novo, isso sem parar, desde o século passado. É o mesmo papo que gira entre capitalistas nojentos, donos do capital, etecétera, etecétera. Só que como o governo federal é de esquerda (mesmo que o fato de estar sentado no trono faça com que não se comporte tanto como esquerda assim) os manifestantes não deixam claro que o protesto é por causa da inflação. Não dirigem sua fúria claramente em direção à presidência da república, ao congresso, aos deputados, aos governantes em geral. É um esperneio simbólico, uma pirraça violenta. Não há inteligência na manifestação. Não há direcionamento. E o que a sociedade vê são jovens nas ruas, de repente acontece um quebra-quebra, a polícia entra em cena, acontece o que sempre acontece nessas situações. Cenas de violência, truculência, polícia brasileira sendo polícia brasileira com toda a falta de gentileza que o conceito traz implícito.
Aí a gente se pergunta: Porque esses jovens não foram orientados a se manifestar contra os acordos entre os municípios e as empresas de ônibus, diante dos que os assinam? Porque os protestos não aconteceram de forma a pressionar quem de fato poderia resolver o problema? Porque os partidos, sindicatos e uniões estudantis que patrocinam esses protestos não estão fazendo protestos para exigir menos corrupção no congresso, mais e melhor educação, e a queda da inflação por parte do Governo Federal? Porque há um interesse diverso disso tudo por trás desses protestos. Eles se coordenam com protestos estimulados em todo o mundo. Quem monta esses protestos não está preocupado com o Brasil ser um país corrupto. Não pretendem, por mais ideológicamente imbuídos e idealistas que sejam, fazer o que é certo para o país. Pretendem sim impor sua opinião, nem que pra isso tenham que destruir a sociedade, para poderem construir outra por cima com as caraterísticas que eles irão impor.
Trabalho numa das principais ruas do centro do RJ e praticamente todo mês vemos um protesto. Uma hora é greve dos bancários, outra hora é o pessoal da saúde, algumas vezes são estudantes somente. Quando as manifestações são grandes, causam um certo transtorno no trânsito, atrapalham o funcionamento da cidade por algumas horas. Nessas manifestações, uma coisa é comum. Nunca, jamais são feitas de maneira a atrapalhar, impedir o trânsito ou transtornar a vida de alguém que poderia de fato resolver o problema da classe. Nenhuma manifestação dos bancários sequer chegou ao ouvido do proprietário do banco. Nenhuma passeata dos funcionários da saúde parou o trânsito em frente ao Palácio Guanabara ou na rua onde o governador, ou o prefeito moram, impedindo-o de sair de casa. Tampouco as organizações, partidos e entidades que promovem essas manifestações se interessam por expor as negociatas dos donos das cidades, em levar à justiça as máfias, em acabar com as injustiças. Eles não fazem isso pela simples razão de que isso não faz parte de sua agenda ideológica adestrada. E quanto mais próximo chegamos do topo dessas organizações políticas, mais íntimos do poder eles se tornam e aí eles não tem mais como bater de frente com esses mesmos “donos do poder capitalista”, pois em alguns casos sentam-se na mesma mesa e freqüentam os mesmos restaurantes que eles. Vide a relação de amor entre o atual governo do Rio de Janeiro, um certo bilionário carioca e suas conexões com bilhões e bilhões de incentivos generosamente negociados com o Governo Federal. Aí o pessoal dos partidos finge que não está vendo, da forma mais hipócrita possível.
De resto, me pergunto... Será que, caso esses jovens tão imbuídos de uma afliceta comuno-idealista, quisessem na Cuba de Fidel, sair às ruas para protestar contra o que quer que fosse, teriam sido tratados com mais suavidade pela Policía del Partidón? Suspeito que não...

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